domingo, 21 de maio de 2017

Discussão num grupo de Facebook

Resposta a um crente que questionou se eu achava que precisava concordar comigo para ser salvo, ou se precisava usar uma determinada versão bíblica, ou algo assim. Infelizmente perdi a referência, o grupo foi arquivado e não acho mais a pergunta exata.

Claro que não. A Escritura e o Espírito, aplicando a Escritura ao coração (e mente) dos eleitos, é suficiente.

O que acontece é que nenhuma linha teológica é dona da verdade. Somos salvos pela graça; se fôssemos salvos por aderirmos à doutrina perfeita, estaríamos danados.

E, em Sua soberania, muitas vezes Deus aponta irmãos de quem discordamos, e até incrédulos, para nos ensinarem algo.

Você pode até discordar, mas faça-o com respeito. Ultimamente os moderadores temos tido de fechar algumas discussões infrutíferas, e até excluir alguns irmãos, não porque discordemos mas porque temos de preservar a paz no grupo.

Agora, qual o problema com Flávio Josefo? Ninguém vai dizer sequer que ele fosse cristão (um ou outro trecho onde ele parece cristão são mais provavelmente adições polemizadoras posteriores), muito menos que tudo o que ele escreveu fosse correto. E ele é importante para a história, não para a doutrina. Se formos excluir de nossas leituras nada que não seja cristão e calvinista, seremos bem ignorantes.

Eu peço também que você se informe melhor. Me corrija se eu estiver errado, mas me parece que você está confundindo alta crítica com crítica textual. A alta crítica todos aqui, em princípio, rejeitam, ou ao menos seu uso para tentar diminuir a autoridade das Escrituras; já crítica textual, quem diz que não faz ou é ignorante ou desonesto. Uma vez que não temos os autógrafos, é impossível publicar uma Bíblia sem comparar manuscritos, até porque não há dois manuscritos iguais, e nenhum que não tenha óbvios erros de copistas. Mesmo o Textus receptus teve múltiplas edições, cada uma corrigindo erros das anteriores baseando-se em mais manuscritos ou melhor entendimento dos manuscritos antes já disponíveis: isso é o que se chama de crítica textual.

Você pode até preferir o texto bizantino, ou o majoritário, ou o recebido, mas não tem como escapar da crítica textual.

Outro ponto onde você parece não saber do que fala é ao mencionar crítica contextual histórica gramatical. Contextualização, história e gramática são obviamente fundamentais tanto para a crítica textual quanto, principalmente, para primeiro tradução e depois exegese. Aliás, o método histórico-gramatical é o principal método exegético desde a Reforma; a recente ênfase em contextualização é apenas uma ênfase maior no aspecto histórico, até para esclarecer coisas que a gramática sozinha não dá conta.

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