sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Leituras MMXIV

O preſbítero Felipe Sabino d’Araújo me pede a liſta dos dez melhores livros que li em MMXIV. Talvez ele eſteja entusiaſmado demais pelo tamanho da minha liſta no Goodreads, que chegou a mais de duzentos livros, mas talvez ele ſe decepcione — muitos deßes livros ſão quadrinhos, que os japoneſes coſtumam editar em pequenos volumes, perfazendo aßim a maioria dos volumes lidos no último ano. Nem tudo eſtá perdido, entretanto: há alguns mangās que ſão bem obras de arte, embora eu tenha de confeßar que os li mais para deſopilar o fígado, meſmo, como diz minha família.


Não goſto muito de claßificar as coiſas em ordem de melhor ou pior, até porque ſempre digo que não há melhor ou pior geralmente; qualquer coiſa que paße do trivial terá aſpectos melhores e piores, o que pode torná‐la melhor que outras para alguns fins, e piores para outros fins, ou para diferentes peßoas ou públicos. Mas, ſe penſar na variedade do que Deus me concedeu ler eſte ano paßado, dá para eſcolher algumas coiſas a comentar.


Antes de falar de títulos eſpecíficos, vale notar que em 2 014 houve alguns grupos de livros que me prenderam. Primeiro foi Hiſtória da Igreja, principalmente Reformada, por cauſa das aulas de eſcola dominical. Nem tanto quanto goſtaria, porque no ſegundo ſemeſtre acabou o eſpaço, o dinheiro e a energia, mas de qualquer maneira foi intereßante. Também li um bocado de Pelham Grenville Wodehouſe, publicado pelo Projeto Gutenberg. Muito mangā, incluſive o cláßico abſoluto Tezuka Oſamu — cláßico para o mundo; para mim, ainda não encontrei algo dele que realmente me agradaße por completo. E, principalmente, eſtou no meio de ler o catálogo do caro Jean‐Marc Berþoud, noßo preſbítero informal da ſaudoſa Égliſe réformée baptiſte de Lauſanne; tanto obras dele como que ele editou, do pr Pierre Courþial e de Eric Kayayan.


Uma nota um pouco fora do tema foi voltar a ver deſenhos animados japoneſes, do eſtúdio Ghibli. Le vent ſe lève (ſim, o título ſe refere a um verſo francês de Paul Valéry), La colline aux coquelicots (ainda ſem título em português), mas o que mais me impreßionou, talvez o filme mais belo que já tenha viſto, foi Kaguya‐hime no monogatari (idem, mas aqui o japonês já é mais conhecido dos afficcionados por mangā & animē. Cinema não é literatura, mas bem que poderia ſer… Kaguya‐hime é muito bem contada, uſando vários eſtilos conforme a hiſtória pede, e um deleite viſual. Comovente.



Hors concours, não poderia deixar de citar a tradução da Bíblia por Louis Segond, verſão de 1 888. Um deleite, e ſem aquelas freſcuras de « ſacrificateur » em vez de « prêtre » que a verſão de 1 910 impingiu ao mundo proteſtante francês.


A liſta poderia continuar ainda. Mas paro por aqui ou não terei nem poßibilidade de atingir minha meta para MMXV. Baſta a cada ano ſeu mal. O que não ſei ſe conſeguirei, até por falta de pachorra, é ir atrás dos vários livros braſileiros indicados pelo Rodrigo Gurgel em ſeus Muita retórica – pouca literatura: De Alencar a Graça Aranha e Eſquecidos & ſupereſtimados.

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